terça-feira, 5 de outubro de 2010

O incêndio de cada um

Cada um tem um momento, um gesto, um ato em que se individualiza e brilha. Nisto nos parecemos com os animais e peixes ou quem sabe com as nuvens. Animais e peixes tem isto: tem trejeitos raros e sedutores, cada um segundo sua espécie. Até as nuvens, como eu dizia, tem o seu momento de glória.

Uma vez vi um pintor em plena ação, pintando. Meu Deus! O homem era um incêndio só, uma alucinação. Sua respiração parou, ele praticamente bufava, parecia mais um cavalo de corrida, indômito, indócil. E sua face vibrava, havia febre nos seus gestos. Era uma erupção cromática, um assomo de formas e volumes.

Então é disso que eu estou falando. Dessa coisa simples e única, quando o que um tem de mais seu relampeja a olhos vistos. Quando isto se dá quebra-se a monotonia e o indivíduo se transcendentaliza.

Isto é o que importa: o incêndio de cada um. Cada qual deve ter um jeito de deflagrar sua luz aprisionada. As flores fazem isso sem esforço. Igualmente os pássaros. Todos tem seu momento de revelação. É aguardar, que o outro alguma hora vai se manifestar.

Affonso Romano de Sant'Anna



É isso que eu sinto, e meus pais não entendem!
Ninguém entende.
Eu não farei uma coisa com dedicação se eu não amar aquela coisa!
Lee

Um comentário:

Alê Vieira disse...

eu acho que eu não entendo, mas sinto...