sábado, 21 de janeiro de 2012

Organiser Le Coeur

Uma paz  muito grande, foi o que ela sentiu naquela manhã, quando finalmente terminou de organizar todo o conteúdo de seu passado naquele maleiro do guarda-roupa.
Momentos antes, ela havia resolvido organizar o quarto. Foi quando jogou o par de tênis "All Star" na ultima porta que olhou de relance, o branco traje usado antigamente.Viu a sua pequena bagunça até então adiada. Fechou a porta. Deu apenas um passo e parou. Estava sufocada. Algo a pedia que voltasse, àquele pequeno passo, e que organizasse tudo. Ela abriu com cuidado, com medo de que todos os objetos guardados ali caíssem de seu coração como se tivessem sido apertados e socados lá, obrigados a ali ficar. Olhou com cuidado, planejou. Foi tirando sapato por sapato; caixa por caixa e amontoo-as ao seu lado. Após isso, foi abrindo caixa  por caixas, e vendo, e estudando cada objeto, cada lembrança, cada dor. Algumas, ela pegou, olho, sorriu, analisou. Sorrio para cada objeto, um olhar doce, com saudade. Uns foram para a sacola de lixo. Outros, para a pequena caixa, a qual foi a única que restou das muitas que existiam. Lá, ela achou cada evento, cada sorriso, abraço e lembrança que existiu. Cada dor, mentira, ilusão. Pensou. À ela, seria de maior paz guardar apenas o bom, o que lhe fez mal, ela jogaria no lixo para que não lembassem mais, e não poluíssem mais o coração. Colocou o que era pedido, no lixo. Colocou tudo o que lhe era bom numa caixa e a separou. Então, olhou pra cima. O simbolo de tudo aquilo, deveria ser guardado junto. Aquela veste de estilo grego, branco, com os cordões amarrados, que simbolizava a amizade, um abraço caloroso, naquele momento, estava amarelado e os cordões numa organização confusa. Pegou-a com carinho maior ainda; aquele havia sido por muitos anos, o seu maior refúgio, sua paz e seus sonhos. Tirou com cuidado do cabide,cheirou, sentiu o tecido, apertou o tecido, sentiu o gélido e cuja textura lhe lembrou cada momento importante que havia passado. Dobrou-a  com cuidado e ensacou. Abriu o maleiro, achou um lugar, e lá, guardou tudo, cada embrulho. Todo o seu passado, toda a dor. Um dia, abriria aquele maleiro novamente, mas doerá menos nesse dia. Então, o restante ela organizou no lugar visível, bem no fundo, e fechou a porta, em paz, e leve. 




                       (Leandra Marcondes)
                                       (F)