quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Um céu e uma Lua

"Acorda! Acorda! a gente vai perder o ônibus!"  Foi assim que ela acordada naquela madrugada. 
Depois de muita pressa, pegou suas coisas e juntas,  e as quatro mulheres saíram por aquela manhã. Ela sinceramente não esperava aquela escuridão, aquele negro céu, daquela bela cidade. O observador que as visse, imaginaria um fuga, mas não, não era uma fuga, bem, na verdade, estavam indo para onde deveriam fugir. Ao sair da casa, a primeira coisa que fez, foi olhar o céu, novamente, não imaginava o que veria, porém, o que viu, lhe tirou o fôlego. Não era apenas um céu estrelado. Era um céu especialmente estrelado, onde as estrelas se destacavam, pela falta de iluminação da cidade naquele momento. Uma força a fazia querer parar, e ficar eternamente olhando para aquela beleza da natureza, mas sua avó insistia em apressá-la, mas ela andava e  olhava para o céu, queria guardar aquele céu para si, dentro de si, para sempre lembrar de sua imensidão, de sua intensidade e grandeza. Alguns passos afrente alguém disse, "Olha a lua, que  linda!", ela olhou pro céu, à procura da  lua, mas a viu logo a frente, aquela lua minguante, nítida, bela, e extremamente fascinante. Aquela visão, foi o maior presente que nossa personagem poderia ter ganho naquele dia. Aquele céu, que lhe dizia palavras doces e fortes, que lhe dava força, e confiança, dava esperança. Aquela lua, parecia seu interior, meio cheio, meio vazio, mas ainda estava cheio, cheio de luz, de vida. Os assuntos decorridos depois, diziam sobre o famoso "Cruzeiro do Sul" e outro assuntos que não interessa a mim, nem ao leitor. O que importa, é que aquele céu, naquela manhã, foi o mais lindo e esperançoso céu que a natureza pôde dar a nossa personagem. Lhe indicou, que a vida sempre nos dá motivos para seguir em frente, com o apoio de uma lua e de um céu.

domingo, 27 de novembro de 2011

Ismália do século XXI (2ª Edição)


Então é assim que termina uma vida? Com um corpo frio, sem vida, sem emoção? Onde tudo o que se viveu se acaba num instante. Foi assim que Deus preferiu deixar os corpos de seus filhos na terra? Foi como se eu estivesse segurando uma pedra quando juntei o corpo dele ao meu naquela manhã, num instante derradeiro de loucura. 
Quando acordei, fiquei te olhando Miguel, não quis te acordar, estava decidida, que mudaria, ia dizer que mudaria que tentaria mudar por você. Mas, quando fui beijar seus olhos, não havia calor neles, nem sentido, você não estava mais lá, e sim o que Deus deixou de você pra mim... 
Na noite anterior, não parecia uma noite qualquer, você me abraçou e disse, eu vou estar sempre com você, eu prometo. Mas, a vida não é como planejamos, não é? Deus cria as pessoas, as projeta, manda pra Terra, e quando menos se espera nos tira a pessoa amada, sem explicação nenhuma, nem pedido de desculpas, e é claro que Ele tiraria você de mim, você é um anjo, meu anjo! Que tentava me manter na Terra, enquanto minha loucura me consumia. Você dizia, saia daí, não é aí que está a explicação, não há explicação para o que você procura... O que eu procuro? Não sei, você nunca me disse, agora sai daí, que não está no céu, na lua, ou nas estrelas... Então onde está? Foi no céu que eu a vi... Bem na minha frente, numa noite comum, solitária. Por que ela não aparece de novo... Por quê?  Por que ela não aparece e me diz o porquê dela ter se mostrado, e desaparecido tão de repente. Por que ela não me atende? Por quê?! Se todas as noites eu acordo no meio da noite e peço para que ela apareça e me revele o sentido da minha vida, e por que ela me escolheu para essa loucura. Peço para que ela me liberte dessa loucura de ver o que as outras pessoas não vêem, dessa mesquinhez, crueldade e exploração com que o homem se submete e submete aos outros. Por que eu, se eu nada posso fazer, pois estou dominada pela loucura, a qual foi a única que me amparou para essa missão. Não, eu não posso dizer que ela me deixou sozinha, ela me deu o Miguel. 
Ainda me lembro a primeira vez que eu o vi. Ele não queria a fama dos teatros e sim, o bem e leveza que ele trás. Foi num teste para uma peça minha. Ele logo me encantou, e se aproximou de mim como algo inexplicável, logo se interessou pelo que eu sou e penso, pela minha loucura e estranheza. Logo, já morava comigo. Com muitas rejeições por parte da família dele; eu era mais velha e louca. Mas, ele foi contra todos.  Ele me fazia bem e eu a ele. Ele me equilibrava e concertava. Era o equilíbrio entre a loucura da realidade, a consciência e o ser feliz. Quando eu contei a ele sobre a minha busca, ele me entendeu, não me achou louca como meus pais acharam, não quis se distanciar. Ele apenas disse, um dia você vai encontrar querida, um dia você vai. Ele me dizia, você tem que esquecer um pouco do que é o mundo lá fora e sair um pouco, como antes, se lembra? Íamos ao teatro, saíamos, bebíamos. Às vezes sinto falta daquela época, mais, amo você da mesma forma e te respeito pela sua forma de ver o mundo. Você acaba assustando as pessoas, querida. Mais, as crianças gostam de mim, por que elas ainda não foram formadas e ainda possuem sensibilidade. Elas me vêem como eu sou, não como uma louca, mais é uma pena que um dia elas se tornem adultas. Elas são tão simples e adoráveis... E brincar com elas é a única coisa que vale a pena ser feita. Principalmente aquelas abandonadas e rejeitadas. É uma pena, por que essas sim são uma salvação, elas terão bom coração por muito tempo, mas ninguém vê. 
Agora, que adianta sair, se eu vou me lembrar dele, se o que restou dele agora está apenas em mim. Suas manias, cigarros, telas, desenhos, suas palavras, seu calor, seu cheiro. Do quer adianta? A família dele veio aqui e levou tudo que lhe pertencia, mais não levou o mais precioso; as lembranças, os momentos, os abraços, os beijos e o amor, o nosso amor. Ah! Como me faz falta, se abraço acolhedor, seu calor, seu carinho. Como eu queria tê-lo só mais uma vez perto, de mim, para tirar de mim essa angústia que me toma! Só ele a tiraria de mim agora. Eu deitaria em seu colo e choraria, deixaria tudo lá, na sua pele, para que ele organizasse e arquivasse para mim, mais ele se foi. 
Quem sabe se Ela pode tirar essa angústia de mim,eu não suporto mais esse sentimento que me acompanha, essa solidão, essa realidade nua e crua que Deus me mostra todos os dias quando eu olho pela janela. Quem sabe se eu me ajoelhar e rezar, ela não vem? “Ave-Maria, cheia de graça...” (apareça!) (Arranque isso de mim! Eu não quero mais!) E eu peço! Mais Ela não vem. Talvez ela queira que eu vá ao seu encontro, ao encontro do Miguel. Sim, é claro! Ela me tirou dele para que eu fosse ao seu encontro... Ah! Agora posso vê-la novamente. Vestida de branco, com manto azul, linda, lívida, calma e acolhedora. 
Do alto da janela do apartamento, eu posso vê-la, talvez se eu subir mais, eu a alcance. Isso me lembra um poema que mamãe lia para mim.
“Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.”
...[Sim, e sou Ismália.]
“No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...”
A lua... Maria... 
Eu a vejo no céu, e na imensidão dessa cidade solitária.
Agora, posso ser Ismália. Vejo-a agora, e sim, que posso alcançá-la.
Se eu subir, fico mais perto... Mais perto...
Topo...
Posso pegar sua mão... Sim, estou indo...
Mais um passo...
Minha alma subiu ao céu, meu corpo desceu às pedras, de um estacionamento...
Agora, tenho Maria,
Agora tenho Miguel...


(Leandra Marcondes)

domingo, 20 de novembro de 2011

Caro amigo....

Ai, meu amigo Caramelo, 
lembra que há tempos lhe disse sobre minhas sensações de estar vazia por dentro?
Pois então, essa sensação constantemente tem me visitado... 
Não que todos os meus bons e maus sentimentos fugiram, mas algo, fugiu, algo abriu um buraco...
Sabe, estive pensando, se realmente não é falta de algo, que de repente, meu ser toma consciência dessa ausência, e grita, desesperadamente...  Talvez seja a falta de algo, ou de alguém, alguém desconhecido ou não percebido ainda.
O que você me diz sobre isso? 
Fico pensando se é normal... mas, se tornou normal para mim, para ser EU viver com esse vazio...
Os seus conselho, caro amigo...são de estrema e delicada ajuda e importância.
Pois, sem eles, não saberia ao certo com conviver e superar estes vazios...Então...
Parte do que eu sou hoje, do que superei, vem de você e da sua força...
Hoje, depois desta valiosa construção da nossa amizade, só lhe tenho a agradecer por tudo...
Só tenho a lhe pedir, que continue perto de mim, e dizer que estarei ao seu lado, lhe dando apoio, e te ajudando na caminhada... pois é o que eu sinto e devo fazer... se me permitir...
Caramelo, Um grande abraço...


A rosa florescendo

Leitor, meu querido,
se lembra daquela semente,
feinha, toda marcada,
que um dia eu plantei?
Pois bem, meu leitor,
sinto uma grande felicidade, hoje,
pois senti alguma flor nascer:
pequena, da cor azul,
esta flor está se formando em mim!
Eu sei que é muito cedo ainda,
para que eu possa dizer, ao certo,
o quanto eu confio nela!
Fato é que, ao sentir o florescimento,
as pequenas pétalas me cobriram,
em grande gesto de proteção!
Eu fiz apenas minha obrigação:
cuidar do que me foi dado;
hoje, sinto os primeiros frutos nascerem…
e deixo meu coração se guiar
por essa semente da amizade.
Eu sei como lhe dói confiar,
pois eu conheço seu passado terrível;
com o tempo, e muito cuidar,
mostrar-lhe-ei meu bom ser,
dar-lhe-ei todas as provas necessárias
para que sempre confie em mim.
Eu sou um jovem jardineiros, eu sei,
mas de uma coisinha eu tenho certeza:
eu aprendi que, com sentimentos,
eu não posso lidar, que tudo tem seu tempo!
Apenas digo uma coisa, rosa:
o que estou te dando, em pouco tempo,
é a prova de que confio que, seus espinhos,
jamais ferirão meu coração.
Sei como é duro ser uma rosa, ter espinhos,
eu só quero que estes sejam saudáveis,
e que meus gestos de confiança
façam com que você se abra,
mantendo a confiança, a mim dada,
ao doar-me, um dia destes,
uma semente tão linda,
que cada dia mais vinga,
formando a amizade
que meus sentimentos apontam!

(Pier Francesco de Maria)



Ps: Este poema é um presente que recebi de um grande e novo amigo, Pier Francesco De Maria... Obrigada! *-*

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Zoomorfismo

Ela esta sentada na janela de seu quarto, vendo a mangueira da casa vizinha. As mangas, ainda verdes despertavam nele um desejo de comê-las, que tomou conta dela, com tal extensão, que não podia controlar. Queria a manga ainda verde, ainda imatura. Queria, com desejo, mordê-la  e arrancar sua casca, fatia por fatia, com a boca, descolando fibra por fibra, sentido, o gosto básico da polpa, ainda verde, o gosto que amarraria sua boca pondo fim ao desejo. E como algo  mais surpreendente ainda, sentiu-se como  uma animal. Queria, não mais uma fruta, queria um corpo, vivo ou morto, mas queria um corpo, e assim, queria tirar sua pele, e descolar suas fibras musculares, e sentir sangue em sua boca.  Queria libertar de si, o ódio que tinha das pessoas com quem ela se importava, mas que não se importavam com ela, queria libertar o ódio do mundo. Queria, não a dor, mais o poder de arrancar sua pele, ver o que há por dentro, ver se há escuridão, se  há bondade. Esse estinto animal, de um leão que rasga sua presa, come sua carne e deixa o resto com o fim de sua fome, a dominou, como  nunca algo a tinho dominado. De alguma forma, ela teria que libertar esse desejo, pois logo ele chegaria, e assim correria o risco de ser atacado, e ela,  mordê-lo, e puxar sua pele e sentir seu sangue, até que o desejo se fosse. Por fim, tocou a campainha. Ela caminhou até a porta. Era ele, ela abriu a porta, sorriu. Ele entrou, ela  fechou a porta....

domingo, 11 de setembro de 2011

Cansada de cansar

Ela estava sentada na cama, vendo o luar, se banhando e se purificando. 
Eu me cansei -disse ela. Se cansou de quê? De que você se cansou, de novo?-perguntou ele, com uma ar de cansaço.Ah! me cansei de me cansar, me cansei de mim, me cansei dos vizinhos, de hipocrisia deles, da inveja dele, me cansei do Mundo, da sua maldade, da sua fome, da fome do homem, me cansei de sua falta de ideais, me cansei dessa manipulação... Me cansei desse se apaixonar por um corpo, por uma imagem, me cansei de tudo, me cansei de você... De mim? por que você se cansa de mim sempre que se cansa de algo? Por que você não me ama mais, por que eu já não sou aquela que você amou um dia... Você está louca, te amo igualmente todos os dias. Sim, acho que estou louca, e acho, que faz muito tempo, nós que não percebemos, eu que não percebi, mas fui me fechando, e agora vivo nesse escuro, nesse escuro iluminado... Eu não te entendo, eu vou te ignorar, por que amanhã você volta e depois, volta a isso, mas, eu  vou fingir que você não está assim... ... ... ...
Eu vivo nesse escuro, por que eu vivo no claro, eu vejo tudo, vejo eles cochichando, olhando com desdem, fofocando, se olhando com raiva por trás e depois fingindo se amar.... sem ideologias, pessoas que nascem com caras de abortadas, que querem o que não tem... não mudam, não amam... eu vejo tudo isso... e isso me sufoca... me mata dia-a-dia. Você não me entende, nunca entendeu, nem vai entender. Você entende minha cabeça, meus lapsos de consciência, meus vazios... Sim, fui quem você amou, admirou, mais aquela lá morreu, você que não viu, nem foi ao enterro dela... dela só resta pó... E o que você quer que eu faça? o que você quer de mim, quer eu eu vá embora, é isso, pra amanhã você me procurar?...  Eu quero que você se foda!!        Quer saber? você não vai durar muito, louca assim, se dizendo consciente do mundo, você dura pouco, por que a dor vai te corroer, corroer, e depois, a dor será tanta, que você não vai aguentar e vai se matar! foda-se, você!    Ele pegou suas coisas e nunca mais voltou. Quando o namorado saiu, se sentiu leva, depois sozinha, depois triste. Depois de algum tempo, se levantou, e saiu também. 

sábado, 27 de agosto de 2011

E no fundo, sou só pó

No fundo, eu sou solidão...
todos somos, senão uma solidão só, e uma escuridão só.... pois, por mais alegre e feliz que uma pessoa pareça, por mais bela, e completa, ela sempre terá um fundo de escuridão, dores e solidão dentro de si...
Sempre haverá solidão, dores, cortes  físicos não existentes, por que, ser humano, pelo que me parece, é assim, nada o contenta, nada o felicita eternamente.
E no fundo, eu sou  só tristeza...
Por que a tristeza, é senão, um estado natural do ser humano... apenas isso... e disso vem a sua busca... pela doce e tesourífica alegria... disso vem o que o move, o que me move.
E no fundo, eu sou só lágrimas...
Pois são elas que lavam nossas dores, amores, tristezas, maldades e crueldades... é como as lágrimas de uma Fênix, que cura qualquer ferida. É como um sorriso, eu raiar do dia, uma tempestade, e depois vem a calmaria, depois das lágrimas, vem a calmaria.
No fundo sou só amor...
Um amor pela vida, e todos somos amor, senão, não haveria viver, não haveria morrer, não haveria luta, nem dor, nem alegrias, nem vida. Sou um amor pelo outro. Sou, somos, a somatória de todos os tipos de amor existente, seja amor de mãe, de pai, de amigo, amor de amor... seja qualquer que seja, é uma somatória, que move, que faz mover e viver a máquina humana...
No fundo sou só alegria....
Por que ela é algo passageira. É uma gota que cai. É um raio de luz que brilha do sol. É um sorriso É um dia belo... É uma consciência... É uma explosão
No fundo, sou só luta....
No fundo sou só Carbono, sou só Nitrogênio, Potássio, e água... e átomos...
No fundo, sou só humana...
E no fundo, sou só um piscar de olhos....
E num piscar de olhos, sou só pó...

terça-feira, 26 de julho de 2011

Uma visita ao condomínio eterno....

Uma das irmãs queria fazer algo, que só poderia ser feito naquela cidade....
A outra não teve coragem de fazer quando eve oportunidade, mais aquela era a oportunidade, aquele era o momento certo.
As duas garotas saíram com o pai naquela manhã de sábado. O dia estava mais lindo que possível. 
O trio entrou no carro e seguiram em direção ao destino.
O pai parou o carro no mesmo local onde havia parado à dois meses antes. Eles entraram. Caminharam pelos túmulos, procurando o túmulo ao qual o avô havia sido enterrado. Após alguma procura, rápida, o pai encontrou. Era um túmulo grande, simples, ao qual guardava morada dos membros da família.  Naquele momento, uma delas sentiu realmente que o avô estava bem, estava melhor do que nunca estivera.
Ela sentiu a brisa leve que passava, parecia que ele estava lá, acalentando os corações  das netas. Era uma brisa que aliviava o calor da manhã e parecia ter o objetivo de acalmar. Sentiu também a leveza do lugar. Apesar de ser um cemitério, possuía uma  leveza, uma paz, como se os espíritos daquelas pessoas esperassem a visita de seus parentes, como  se quisessem acalmá-los de suas dores, de suas perdas... como se o ambiente fosse próprio. 
O vaso de flores feitas de plástico chamou a atenção da menina. Qual o objetivo real daquele vaso no túmulo?
Seria eternizar a imagem dos mortos? Ela tinha certeza que não. Para ela, uma flor verdadeira valia mais que uma falsa. Para ela,  flores falsas eram como abandono, como se o ato de visitar o túmulo, fosse uma obrigação, e aquelas flores simbolizassem o fim dessa obrigação... não visitar, não trocar as flores... não ter que ir.... 
Ela pensou no avô.. pensou no por que ele estava enterrado lá, por estava junto da família a quem havia brigado, pensou na família, lembrou dos momentos com ele... sentiu sua falta... mais parecia que ele ainda estava lá, naquela brisa, naquelas nuvens, naquele sol lindo.... parecia que ele se transformara na paz encontrada a casa dele agora... sim, ele ainda estava lá....
Após um certo período, o pai às chamou. O pai mostrou o túmulo de seus padrinho... um homem bom...
depois caminharam até a porta... o pai fez alguns comentários sobre condomínio  eterno, festa que os mortos deveriam fazer a noite... algumas gracinhas como de costume... então, entraram no carro e seguira para a antiga casa do morto. 

domingo, 17 de julho de 2011

Trechos de compatibilidade

 Faz de conta que vivia e não que estivesse morrendo pois viver ...
faz de conta que ela era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos...
faz de conta que ela não estava chorando por dentro — pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado; ela saíra agora da voracidade de viver...
era bom aquele sistema que Ulisses inventara: o que não soubesse ou não pudesse dizer, escreveria e lhe daria o papel mudamente — mas dessa vez não havia sequer o que contar...
E agora chegara o momento de decidir se continuaria ou não vendo Ulisses. Em súbita revolta ela não quis aprender o que ele pacientemente parecia querer ensinar e ela mesma aprender — revoltava-se sobretudo porque aquela não era para ela época de "meditação" que de súbito parecia ridícula...
E agora chegara o momento de decidir se continuaria ou não vendo Ulisses. Em súbita revolta ela não quis aprender o que ele pacientemente parecia querer ensinar e ela mesma aprender — revoltava-se sobretudo porque aquela não era para ela época de "meditação" que de súbito parecia ridícula...
havia também algo em seus olhos pintados que dizia com melancolia: decifra-me, meu amor, ou serei obrigada a devorar...

Mais uma vez, nas suas hesitações confusas, o que a tranqüilizou foi o que tantas vezes lhe servia de sereno apoio: é que tudo o que existia, existia com uma precisão absoluta e no fundo o que ela terminasse por fazer ou não fazer não escaparia dessa precisão; aquilo que fosse do tamanho da cabeça de um alfinete, não transbordava nenhuma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete: tudo o que existia era de uma grande perfeição. Só que a maioria do que existia com tal perfeição era, tecnicamente, invisível: a verdade, clara e exata em si própria, já vinha vaga e quase insensível à mulher.
         Bem, suspirou ela, se não vinha clara, pelo menos sabia que havia um sentido secreto das coisas da vida. De tal modo sabia que às vezes, embora confusa, terminava pressentindo a perfeição — de novo esses pensamentos, que de algum modo usava como lembrete (de que, por causa da perfeição que existia, ela terminaria acertando) — mais uma vez o lembrete agiu nela e com seus olhos ainda escuros agora pelo pensamento perturbado, decidiu que veria Ulisses pelo menos mais esta vez.
         E não era porque ele esperava por ela, pois muitas vezes Lóri, contando com a já insultuosa paciência de Ulisses, faltava sem avisar-lhe nada: mas à idéia de que a paciência de Ulisses se esgotaria, a mão subiu-lhe à garganta tentando estancar uma angústia parecida com a que sentia quando se perguntava "quem sou eu? quem é Ulisses? quem são as pessoas?" Era como se Ulisses tivesse uma resposta para tudo isso e resolvesse não dá-la — e agora a angústia vinha porque de novo descobria que precisava de Ulisses, o que a desesperava — queria poder continuar a vê-lo, mas sem precisar tão violentamente dele.




Ps: Trechos do livro "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres" de Clarice Listector; diz muito sobre o momento...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Na solidão da escuridão....

Ela desceu do ônibus naquela tarde meio atordoada, meio angustiada, com vontade de sumir, de não chegar em casa, de não enfrentar o que viria pela frente, se realmente acontecesse, não gostaria de enfrentar.... caminhou pela rua, pensando, pensando em quem estava se tornando... desceu, virou a rua, subiu, caminhou... chegou na  esquina de casa.O vizinho estva cortando os galhos de ma árvore velha. Quando passou por baixo do gigantesco galho que estava send contado, desejou desesperadamente que esse único galho caísse sobre sua cabeça e pusesse fim à sua angústia e sofrimento. Alguns passos adiante, o galho caiu atrás de si, por um triz. Dias depois, ao cozinhar cortando cebola, desejou que aquela faca, com sua lâmina afiada desejou que esse metal, frio, extremamente cortante, cortasse diametralmente seus dedos, mas feliz ou infelizmente a lâmina cortou apenas a cebola e alguns alimentos a mais. Mais alguns dias a frente, ao entrar no local de estudos, perante à angústia que a alimentava e a corroesse dia-a-dia. Entrou, passou pela porta, e nesse instante, ouvi brulhos semelhante as tiros. Desejou que aquele barulho realmente fosse balas saídas de uma arma, que ultrapassasse todos os muros, barreiras, e que chegasse ao seu peito com se acabassem de sair da arma. Sentiu que enlouquecera. Buscava desesperadamente algo de bom, algo que a salvasse, que a fizesse sentir algo de bom dentro de si novamente. Buscou à fé. Buscou ao livros. Buscou tudo. Num ultimo dia, numa festa em sua casa, ao seu fim, um barulho semelhante foi ouvido. Na solidão da  noite, ela a Lua e os sons,  semelhante a tiros. Depois, silêncio....




Um pensamento, uma luz...  


no fim, os barulhos foram só de estouros das bexigas penduradas. 
Os resquícios das bexigas ficaram sob o chão. E ela vi, novamente, naquele resto de bexiga, a luz para sua consciência. 

sábado, 25 de junho de 2011

Letras e números, números e letras....

Letras e números. Ambos, minha paixão. É claro que não sou que nem uma mãe, nem como um pai que ama igualmente a seus filhos. Eu fiz uma escolha. escolhi como profissão, os números. Mais para viver, escolhi as letras. Não são os números que explicam a crueldade do Mundo. Eles apenas mostram dados que comprovam o que as letras me dizem. Peço perdão aos números por amar demais as letras. E às letras, por abandoná-los quando prefiro dar atenção aos números. Nas noites que troco os livros literários pelos  pelos livros exatos. Oh!Eu não tenho culpa do meu interior ter nascido exato, e o gosto pelas letras se firmou em mim quando pequena, com o primeiro livro clássico que eu li, "Memórias Póstumas de Brás Cubas", - filha, pegue e leia este livro, você vai gostar, é de um homem que morre, e depois de morto, resolve contar sua história.- Por mais irônico que pareça, quem deu inicio a faísca literária em mim, não foi minha mãe, uma amante das letras, e sim o meu pai, um amante dos números. E por mais incrível que pareça, foram os dois que disseram não, pra profissão literária que eu havia escolhido. A vida é uma caixinha de surpresas e temos que tomar cuidado com ela. O Mundo não é tão literário quanto gostaria, e os governos temem o pensar, temem o questionar dos livros, temem sua liberdade. Por isso, escolhem a exatidão, escolhem aplicar o não pensar, o repetir, praticar, rotinar.Ah! Livros, me perdoem por abandoná-los. E números, me perdoem por sentir tanta a falta das letras. Em vocês, números, posso provar tudo, todos os fenômenos, todas as fórmulas,  toda a natureza. Com as letras, posso provar o homem, posso me provar e me libertar, me encontrar, e localizar.  É linda essa liberdade existente entre vocês e a relação existente.  No mais, peço licença para adorá-los, e atencionar a uns mais que outros.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Um sufocamento no ônibus

Eu realmente estava feliz aquele dia. Tudo estava indo bem, o dia estava belo, o ar era leve, e parecia que teria um fim de dia perfeito. Mais, quando entrei no ônibus para ir para casa, uma mulher se sentou perto de mim, o suficiente para que eu ouvisse sua conversa. Aquela mulher começou a me sufocar, com suas palavras e com o ar pesado que espalhava. Apesar de parecer uma bela história, algo nela me tirava o ar, me sufocava, bloqueava meus pulmões e me impedia de sentir a alegria de antes... Por quanto tempo eu ainda teria que aguentá-la? seria muito? seria o suficiente para me roubar toda a alegria e leveza que eu sentira a pouco? Só o depois poderia me dizer. Quando chegou o ponto, desci, e respirei fundo... esta livre. Depois disso, me veio uma onda de alívio, raiva, tristeza, angústia, que foram se misturando, equilibrando, e estabilizou. Quando cheguei em casa, a alegria volto. Pulei, contei minha alegria, e esqueci momentaneamente aquela mulher. Liguei o Chico para relaxar.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mais uma fuga

Droga! eu me perdi de novo! como isso pode acontecer?! Eu odeio me perder, por que o meu eu se perde, fica preso em alguma lugar, e eu tenho que sair  procurando por ele, e encontro, fica um vazio dentro de mim, que não dá pra preencher com algodão, infelizmente não dá. Mais, onde eu devo procurá-lo? Óbvio que no lugar onde e o deixei, mais não é fácil lembrar onde foi isso! Eu procuro, juro que procuro, mais ele foge de mim, como meu cachorro foge do banho, e como o diabo foge da cruz!  Meu eu interior se perde constantemente, acho que ele tem déficit de atenção, pois eu nunca vi algum eu interior se perder tanto. Acho que passo por lugares e pensamentos, que fazem ele ficar lá, vidrado, querendo o de sempre, que o mantém vivo e em constante agitação... eita, é teimoso ele, por que ele faz isso muitas e muitas vezes, e quem fica vazia, sou eu... Eu já vi eu-interiores crescerem e se aprimorarem, buscando algo novo para se encaixar ao dono, mais o meu foge as vezes, quando não aceita, e a í, se vê perdido e também corre a me procurar, aí fica um procura e procura, e todos se acham no fim, mais desta vez, ele está demorando pra voltar, eu briguei com ele desta vez, e ele enfezou e foi embora, bateu a porta e disse que não voltaria, mais ele volta, sempre volta, por que ninguém vai querê-lo. Ele é chato e imaturo ainda, e precisa voltar um dia. Eu espero que seja logo, por que o vazio é tão grande, que qualquer outra coisa que eu tente colocar, não preenche, não serve, não entra, e vai aumentando esse vazio, que pode ser enlouquecedor algum dia, caso o meu eu não volte....

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Uma mulher agitada, um homem e uma coca-cola


Bom, pra falar a verdade, ninguém poderia prever o ocorrido, mais alguma coisa estava errada naquele sábado de Maio.
Ela levantou irritada, agitada, de cara com tudo e brigando por nada, não era normal, estava tudo bem, aparentemente. Sua filha estava estudando, marido na sala e ela fazendo suas "tarefas".
logo mais a tarde, a tia ligou, e logo depois ela apareceu dizendo que ia viajar, seu pai não estava bem e ia vê-lo. Depois de um longo período para decidir quem ia, quem ficava, por algum motivo, todos foram. Ao chegar na porta da casa materna, não foi preciso dizer nada a ninguém que a acompanhava, apenas um choro desesperado de uma filha, que queria ver o pai antes dele partir... Como foi? quando foi? todas falavam, mais a irmã, enfermeira, dava detalhes técnicos desconhecidos, mais que bastavam para entender. A descrição do caminho até o hospital pela filha marcou corações, a filha pedia ao pai para não morrer naquele momento, que esperasse a volta da neta, ele apenas olhou, resmungou, e voltou a fechar os olhos. Após algum tempo, teve o merecido descanso. Quem olhasse aquela casa naquele momento, veria apenas as coisas, deixadas por ele, roupas pela cama, objetos, alimentos específicos, e uma coca-cola, zero, um diabético, que não pedia a vida, pedia apenas o fim de seu sofrimento, o fim da dor, o fim dos remorsos, das brigas, mal humor, e o fim de tudo, apenas isso.
Depois, a neta não podia ficar, não queria ficar, foi para juntos dos outros avós enquanto o corpo era velado. Eu fico imaginando, caro leitor, a cena do velório em um certo momento da noite. O genro, a filha mais nova e a esposa, ambas dormiam, e apenas o genro acordado, o que justamente não tinha muito a ver, mais, o que permaneceu acordado durante a noite toda, e a sogra, entre cochilo, e despertares subtos. Ele e o sogro, ele e o corpo. apenas. No dia anterior a neta, que estava na cidade, chegou no fim das orações, viu pessoas estranhas, desconhecidas, parentes, e pessoas até os comentários bizarros sobre a tia de 92 anos que falava de tudo e de todos, viu homens que talvez, tenham sido amigos de seu avô no passado, velhos que um dia foram jovens e vívidos, cheios de vida, e que naquele momento,prestavam suas ultimas homenagens ao amigo, viu coroas de flores, enviadas pelas irmãs que o "amavam" - que ironia-, viu também sua mãe, de longe, e sentiu uma dor imensa, não pelo avô, mais pela mãe, que dor estaria ela sentindo e imaginou em como seria quando fosse sua vez, não, não queria pensar naquilo, mais não quis ver o corpo, não quis guardar aquela lembrança horrível de seu avô, não viu quando levaram o corpo, não viu seu avô, não teve em sua mente a lembrança de um corpo no caixão, algo frio, sem emoção, nem vida, teve a lembrança do ultimo momento em que esteve com seu avô, aquele em que ela lhe disse, " Vô, se cuida! se alimenta direito, pro, senhor ficar bem, por favor, vô" e ele disse, eu vou cuidar, mais era da boca pra fora, não cuidou, nem cuidaria, pois aquela foi a ultima vez que viu a neta, o ultimo Domingo, a ultima feijoada, o ultimo litro de coca, o ultimo encontro com a família; lembrou-se de quando era criança e ele chegava com picolés de goiaba, dos Chokitos, das vezes que chegava bêbado, mais, lembrou que para ele não adiantava mais viver, pois a paz era tudo que ele queria, a paz. Não queria mais nada! queria paz. E teve.... Até mais.

sábado, 5 de março de 2011

Ismália do século XXI

Então é assim que termina uma vida? Com um corpo frio, duro e sem emoção? Onde tudo o que se viveu se acaba num instante. É assim que Deus preferiu deixar os corpos de seus filhos na terra? Foi como se eu estivesse segurando uma pedra quando juntei seu corpo ao meu naquela manhã, num instante derradeiro de loucura. Naquela manhã, quando acordei, fiquei te olhando, não quis te acordar, estava decidida, que mudaria, ia dizer que mudaria, que tentaria mudar por você, mais quando fui beijar seus olhos, não havia calor neles, nem sentido, você não estava mais lá, e sim o que Deus deixou de você pra mim... Na noite anterior, não parecia uma noite qualquer, você me abraçou e disse, eu vou estar sempre com você, eu prometo. Mais, a vida não é como planejamos, não é? Deus cria as pessoas, as projeta, manda pra Terra, e quando menos se espera, quando se está tudo bem, nos tira a pessoa amada, sem explicação nenhuma, nem pedido de desculpas, e é claro que Ele tiraria você de mim, você é um anjo, meu anjo, que tentava me manter na Terra, enquanto minha loucura me consumia. Você dizia, saia daí, não é aí que está a explicação, não há explicação para o que você procura... O que eu procuro? não sei, você nunca me disse, agora sai daí não está nos céu, na lua, ou nas estrelas... então aonde está? Foi no céu que eu a vi... bem na minha frente, numa noite comum, solitária. Por que ela não aparece de novo, nas nuvens... Porque? por que ela não aparece e me diz o porquê dela ter se mostrado, e desaparecido. Por que ela não me atende? Por quê? Se todas as noites eu acordo no meio da noite e peço para que ela apareça e me revele o sentido da minha vida, e por que ela me escolheu para essa loucura. Peço para que ela me liberte dessa loucura de ver o que as outras pessoas não vêem essa realidade, mesquinhez, crueldade e exploração com que o homem se submete e submete aos outros. Por que eu, se eu nada posso fazer, pois estou dominada pela loucura, a qual foi a única que me amparou para essa missão. Não, eu não posso dizer que ela me deixou sozinha, ela me deu o Miguel. Ainda me lembro a primeira vez que eu o vi. Ele parecia não querer a fama dos teatros e sim o bem e leveza que ele trás. Foi num teste pra uma peça minha. Ele logo me encantou, e se aproximou de mim como um imã, sem explicação nenhuma, ele se interessou pelo que eu sou e penso, pela minha loucura e estranheza. Logo, ele já morava comigo. Com muitas rejeições por parte da família dele; eu era mais velha e louca; para eles. Mais, ele foi contra tudo e a favor de mim, ele fazia bem a mim e eu a ele. Ele me equilibrava me concertava. Era o equilíbrio entre a loucura da realidade, da consciência e o ser feliz, e rejeitar tudo o que realmente acontecia. Quando eu contei a ele sobre a minha busca, ele me entendeu, não me achou louca como meus pais acharam não quis se distanciar, nem me internar num manicômio. Ele apenas disse, um dia você vai encontrar querida, um dia você vai. Ele me dizia, você tem que esquecer um pouco o mundo lá fora e sair um pouco, como antes, se lembra? Íamos ao teatro, saíamos, bebíamos, você tentava parecer normal. Às vezes sinto falta daquela época, mais, amo você da mesma forma e te respeito pela sua forma de ver o mundo, só não cale a pena ser tão radical. Você acaba assustando as pessoas, querida. Mais, as crianças gostam de mim, por que elas ainda não foram formadas e ainda possuem sensibilidade. Elas me vêem como eu sou, não como uma louca, mais é uma pena que um dia elas se tornem adultos e continuem o ciclo. Elas são tão simples e adoráveis... e brincar com elas é a única coisa que vale a pena ser feita. Principalmente aquelas abandonadas e rejeitadas, por que foram uma pedra na vida de seus pais, ou são defeituosas. É uma penas, por que essas sim, são uma salvação, mais ninguém vê. Agora, que adianta sair, me lembrar dele, se o que restou dele agora está apenas em mim. Suas manias, cigarros, telas, desenhos, suas palavras, seu calor, seu cheiro. Do quer adianta? A família dele veio aqui e levou tudo que lhe pertencia, mais não levou o mais precioso; as lembranças, os momentos, os abraços, os beijos, as noites e o amor. Ai, como me faz falta, se abraço acolhedor, seu calor, seu amor. Como eu queria tê-lo só mais uma vez perto, de mim, para tirar de mim essa angústia que me toma! Só ele a tiraria de mim agora. Eu deitaria em seu colo e choraria, deixaria tudo lá, na sua pele, para que ele organizasse e arquivasse para mim, mais ele se foi. Quem sabe se Ela pode tirar essa angústia de mim,eu não suporto mais esse sentimento que me acompanha, essa solidão, essa realidade nua e crua que Deus me mostra todos os dias quando eu olho pela janela. Quem sabe se eu me ajoelhar e rezar, ela não vem? “Ave-Maria, cheia de graça...” (apareça!) (Arranque isso de mim! Eu não quero mais!)E eu peço! Mais Ela não vem. Talvez queira que eu vá ao seu encontro, ao encontro do Miguel. Sim, é claro! Ela me tirou dele para que eu fosse ao seu encontro... Agora posso vê-la novamente. Vestida de branco, com manto azul, linda, lívida e calma, acolhedora. Do alto da janela do apartamento, eu posso vê-la, talvez se eu subir mais, eu a alcance. Ah! Isso me lembra um poema que mamãe lia para mim.

“Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

...[Sim, e sou Ismália.]

“No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

A lua de Ismália, é Maria para mim, eu a vejo no céu, e na imensidão dessa cidade solitária.

Agora, posso ser Ismália. Vejo-a agora, e sim, que posso alcançá-la.

Se eu subir, fico mais perto... mais perto; degraus; topo; posso pegar sua mão... sim, estou indo...

Mais um passo ...

Minha alma subiu ao céu, meu corpo desceu às pedras, de um estacionamento, de prédio, em São Paulo...

Agora, tenho Maria,

Agora tenho Miguel....



[Leandra Marcondes]

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mudança

Mudar as vezes pode parecer facil para alguns, mais para mim, e dificil...
É como se tudo fosse a ultima coisa a ser feita, a ultima noite na sua cama, no seu quarto, o ultim0 beijo de boa noite dados aos seus pais, o ultimm café da manhã, o ultimo tudo...
por mais que não seja, mais é como se fosse.
É como se soubessemos ou achamssemos que iremos morrer em breve....
E nesses instantes, onde toca uma música triste, que se lembra de algo ou de alguém, que fará falta no dia-a-dia, e vem a dor, a tristeza, augústia...
Faz querer largar tudo pra ficar, mais ai passa a música e voce se lembra do real motivo pelo qual voce esta indo... a faculdade...Nesse instante se lembra de quem voce foi, quem voce é, e quem voce quer ser... quem eu fui... uma menininha de 8 anos que lia Dom Casmurro com um dicionário do lado, quem eu sou, não sei, alguém tentado se descobrir, quem serei, depende de quem eu sou...

sábado, 5 de fevereiro de 2011





Garota, Interrompida
(Girl, Interrupted, 1999)
• Direção: James Mangold
• Roteiro: Susanna Kaysen (livro), James Mangold (roteiro), Lisa Loomer (roteiro), Anna Hamilton Phelan (roteiro)
• Gênero: Biografia/Drama
• Origem: Alemanha/Estados Unidos
• Duração: 127 minutos
• Tipo: Longa-metragem

Sinopse: Em 1967, após uma sessão com um psicanalista que nunca havia visto antes, Susanna Kaysen foi diagnosticada como vítima de "Ordem Incerta de Personalidade" - uma aflição com sintomas tão ambíguos que qualquer garota adolescente pode ser enquadrada. Enviada para um hospital psiquiátrico, onde viveu nos 2 anos seguintes, ela conhece um novo mundo, de jovens garotas sedutoras e transtornadas. Entre elas está Lisa, uma charmosa sociopata que organiza uma fuga com Susanna, Daisy e Polly, com o intuito de retomarem suas vidas.






Adoráveis Mulheres

Sinopse

Durante a Guerra Civil, uma mãe com 4 filhas passa por graves problemas finaceiros, enquanto o marido está na frente de batalha. A mais intelectualizada das irmãs, que sonha ser escritora, é cortejada por um rico vizinho, mas quando este se declara ela o rejeita e vai morar em Nova York, onde se envolve com um professor. Mas quando chega a notícia de que o estado de saúde de uma de suas irmãs piorou consideravelmente, ela retorna para casa.






Vermelho como o céu

Sinopse

Anos 70. Mirco (Luca Capriotti) é um garoto toscano de 10 anos que é apaixonado pelo cinema. Entretanto, após um acidente, ele perde a visão. Rejeitado pela escola pública, que não o considera uma criança normal, ele é enviado a um instituto de deficientes visuais em Gênova. Lá descobre um velho gravador, com o qual passa a criar estórias sonoras.

O filme é muito bom, e impressionante...