domingo, 13 de maio de 2012

Te vendo dormir

Nessa escuridão desse comodo, eu e você. Neste nosso mundo. Não é por que ele seja, claro e escuro, assim que não seja lindo. Eu vejo, você e você me vê perfeitamente. Eu posso ver os detalhes do seu rosto, dos seus olhos, posso ver os detalhes da tua boca perfeita e doce, ver sua mão pousada sobre o travesseiro enquanto dorme; eu posso ver o seu interior e a sua paz, que é minha também. Eu te vejo daqui da janela, te vejo dormir, e te vejo docemente sonhar com o sonhável, com  o simples e com o belo. Eu te vejo agora, sob a luz do luar.Aquela grama combina bem com você, amor. Combina com a tua pele, com teus cabelos. E o Sol, o Sol de fim de tarde, com os seus raios são como ativador dos teus olhos. Te dá cores que não são vistas por qualquer um, apenas eu posso ver. Naquela tarde, amor, aquele banco me chamava. Chamava nós dois, pois ele queria sentir um pouco do nosso amor ter um pouco da nossa felicidade. Então, o banco me chamou, e eu te chamei, e nós fomos. Você se ajeitou, e se sentou ao meu lado. Depois, cansado, deitou-se em meu colo. Minha se pôs a descansar em seu peito, você fechou os olhos e eu te observei e mexi docemente em teus cabelos. Eu observo cada detalhe do teu rosto, da tua boca, do teu nariz e cada sinal de humanidade que há em você. Eu vejo nas tuas expressões, o teu interior. Te observo. É lindo como a minha mão entre as suas fica tão perfeito. É doce e calmo sentir o teu calor, tão espontâneo, serve para você e sobra pra mim. É doce observar que a tua mão quente equilibra com a minha mão  fria, e que a sua barriga fria equilibra a minha quente. E assim, tocando a minha barriga quente aquece o meu interior. E as tuas doces palavras, vão saindo da tua doce boca, quando você repousa em meu colo. Do nada, você se levanta e me olha. Me encanta. Você em parceria com o Sol e a grama, se aprontam a me fascinar com a cor dos teus olhos, os olhos de cor de mel, os olhos que me adoçam; e com a cor verde da grama que contrasta com a tua pele branca e macia. Eu fecho os olhos e sinto teu corpo, ouço a natureza cantando pra nós a Ópera dos pássaros. E não contente com a fascinação iniciada, você continua, mas me fascina com o doce dos teus lábios. E nessa fascinação, nesse encantamento, nesse momento de alimentação de almas, nós dois saímos do mundo, e vamos pra casa. Depois de muito aproveitar a casa, um nos braços do outro, sempre voltamos e sentimos o mundo de novo. Depois de horas, que parecem segundos, obrigados a voltar, voltamos. 

Antes daquela manhã na biblioteca, eu era alguém que se achava Macabéa e simplesmente se achava prestes a ser atropelada por um Mercedes amarelo e ter seu fim posto ao fim. E de fato, posso dizer que era uma Macabéa, e que fui atropelada por um Mercedes, mas dele saiu você, e eu realmente tive o destino do qual a cartomante se referiu. De uma tristeza e vazio passou rapidamente para uma completude que aquela manhã serviu como para que completar até a boca e fechar o recipiente. E foi lacrado com uma ação e com um sim; com um gesto teu, depois de palavras minhas que nem ao menos sabia sobre o que você dizia, eu sentia, e dizia sem saber; você agiu e sentimos. 

Agora eu sou sua. Sempre serei por que nossas almas estão fundidas e seguimos já pela mesma estrada, guiando um ao outro e ajudando um ao outro. Levamos nossa bagagem já  unida e misturada, seguimos pelo caminho, fundidos. Cada árvore pela qual passamos é única, da mesma forma, cada momento, cada beijo é único.Eu posso dizer hoje, te vendo assim, dormindo sob a minha proteção e sob a luz da lua, que o meu futuro é você e que o calor que eu sinto vem de você e faz com que eu queria mais e mais seguir com você por essa estrada. O meu futuro, o meu calor, os calafrios de quando você me beija docemente, é fruto do que eu sinto por você, que é algo infinito, que não acaba, não acaba hoje, nem muito menos amanhã. É eterno. E por fim,  me deito ao teu lado e adormeço sentindo teu halito doce.