segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Permutação de Almas

Aquela tarde, meu caro leitor, ela ficou observando-o enquanto ele falava com um amigo.
Ambos parados na escada, ela de frente pra os dois, e o observou. Ele falava com seus gestos característicos, e aquilo era encantador para ela.
 Veja leitor, quão rápido e forte se concretizou essa amizade, tão forte que é vista com preconceito pela sociedade e seus conceitos. Mas, por ser algo verdadeiro, benéfico, e pela forma de pensar de ambos, comentários eram ignorados pois só eles sabiam o que era e como era a amizade deles. O rapaz era uma tal importância na vida dela, uma importância sem valor que a compre. 
Ela o observava enquanto ele  falava e gesticulava, o olhava com admiração e carinho. Após um tempo, ele voltou, sentou-se ao lado seu, e olhou-a com um olhar curioso e no qual havia vida e brilho. Conversaram sobre as coisas que a machucavam naquele momento. Quando ela acabou de falar ele passou o braço por ela e a abraçou, como se lhe algo a puxasse, ela deitou sua cabeça no ombro dele, disse algumas palavras e após isso como se aquele abraço e aquele ombro quente extraísse dela suas lágrimas, lágrimas estas  compostas pela mais pura mistura de sentimentos. Lágrimas de dor e lágrimas de felicidade. Estas por ter perto de si esta criatura mais linda, bela e doce e de sentimentos puros que está ao seu lado, este anjo, e Aquelas, pelas lástimas causadas pela vida.
Nos  braços e abraços quentes dele, ela encontrara o calor que descongelou o que era gelo em seu coração. Gelo este causado pelas feridas do passado, que havia em ambos os corações. Os dois entendem, que após tantas dores, causadas pelo passado, os dois se encontraram por causa de destino. Pode se dizer, que a estrada dos dois, se encontrara num ponto e a partir dali, desse encontro, de uma troca de palavras sentiram que deveriam seguir juntos, um ajudando com a bagagem do outro. 
Em momentos de silêncio, ao se olharem, quando algo precisava ser dito, as palavras eram comidas pelos olhos, não sendo assim necessário o dizer, o sussurrar, pois o dizer já havia mudado pela permutação daquelas duas almas. Dessa forma, a alma de um, que era também a do outro, era alimentada pelas palavras digeridas pelos olhares, bastando apenas o olhar para dizer, para entender. Aquilo para eles, era um sinal de amizade pura e verdadeira, e bastava como prova. Tendo isso como fato concreto, você leitor entenderá o que se sucedeu instantes seguintes.
Numa das trocas de proteção, de abraços, ela abraçou-o o tronco. Ao fazer isso, olhou para os olhos do rapaz, e logo lhe veio à cabeça as palavras dele na noite anterior- "Léa, amanhã, quando eu não estiver olhando, olhe meus olhos"- e olhando discretamente para aqueles olhos castanhos cujo contato com a luz se tornavam de um castanho-mel ela viu, naquela janela da alma, doçura, brilho e alegria e viu além disso, paz. "Seria aquilo mesmo que ela via?" pensou, pois era algo novo visto em olhos que a pouco, houve tanta dor e tristeza. Aquele olhar enchia a alma dela pois por serem um, a felicidade de um era a do outro. 
Perdida naquele olhar, ela se viu olhando o relógio, olhou a hora, 20 minutos, era seu tempo máximo ali. Abraçou-o mais forte. Num instante, os minutos tornaram-se segundos, o tempo passava rápido demais. Ela tinha que ir, mas algo não a deixava ir, ela não queria ir. Então, por necessidade, ela se levantou, abraçou-o forte, o mais forte que pode, pegou suas coisas, e desceu as escadas, mas estaria zelando por ele.



"As 31 rosas do jardim são suas, E há somente um cravo, que é meu"    (F)