quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A simples sensação da tua pele

       Eu te vejo chegar de longe, caminhando pelo jardim. Você está tão lindo e leve, parece tão feliz. Você se aproxima de mim como veio no nosso primeiro almoço, tão iluminado pelo Sol e tão... Sol, meu Sol e minha Lua. E você se aproxima, sorrindo lindamente e beija minha testa. E fico te olhando, simplesmente te olhando. Olho teus olhos doces a me olhar, sua boca macia e única, capaz de me enlouquecer. De repente eu sinto o calor dos teus braços me envolver e me aproximar de ti com todo seu amor a me aquecer e os teus olhos a me envolver. Esses olhos tão quentes e doces, e ao mesmo tempo tão cheios de vida.
       É no som das flores e do jardim e no ritmo do amor que você me embala no seu corpo. Num piscar de olhos, sinto sua pele com a minha e sinto seu cheiro. Meus lábios de aproximam da sua pele e sinto seu perfume doce e envolvente que entra nos poros do meu corpo e me completa. E eu te beijo vagarosamente por todo o corpo e te dou todo meu amor. Te olhando assim, comigo, eu me pergunto como pode o amor ser tão forte assim e fazer a gente se entregar dia a dia a uma pessoa. O amor nos faz querer andar juntos como da primeira vez. Ah, meu amor! te vendo descansar em meio às rosas, vejo como é grande o meu amor e como é linda essa união. 
       A sensação de tocar a tua pele é algo como uma troca de energias e sensações, é algo inexplicável e que só eu sei. O tocar sua pele, sentir o cheiro do seu corpo, sentir o evaporar da água após o banho, o tocar teus pés, teus cabelos e sentir o simples de você, são as coisas mais simples que eu amor pode fazer perceber e sentir. O simples só é visto pelo amor e a real beleza só é mostrada pelo amor e só pode ver a pessoa que ama. Eu desejo sempre sentir você e te passar o meu amor. Eu sinto que eu te amo desde o primeiro momento que te vi. Eu te amo, Pier! 


terça-feira, 17 de julho de 2012

7 Velas

Olho pra você, nesta penumbra que é o nosso quarto. De onde estou, deitada em teu peito, sinto teu corpo colado no meu, sinto tua pele macia, sinto teu calor passando do teu corpo para o meu. Enquanto você dorme, eu te guardo, te zelo. Guio os sonhos de um anjo. Eu fecho meus olhos e te sinto, sinto cada pedaço teu em mim, cada respiração tua, sinto teu hálito doce e tua respiração quente que passa em meu rosto. Fecho os olhos e sinto teu perfume misturado com o cheio doce das velas queimadas e o aroma de lavanda que espalhamos pelo quarto. Atento para o som da brisa que passa pela janela e ouço a ausência sentida da música já sessada. A pouco, você cantou pra mim e eu chorei. Chorei de emoção, chorei de alegria em estar nos teus braços, chorei por sentir que precisava chorar, caso contrário eu explodiria de amor e de emoção. Sabe meu amor, a pouco preparamos o nosso quarto com sete velhas ao sedor da cama, essência de lavanda, música e amor. E com essa simplicidade de cenário, vivemos o nosso amor. 
Como eu posso não te amar? Eu linda e simplesmente te amo. Eu te amo por ser o sorriso das minhas manhãs, por me fazer criança, ser minha criança e assim me dar vida. Eu te amo, por simplesmente amar e esse simples amar me completa.Me dá a vida que eu desconhecia e que não tinha antes de você, vida que só conheci com a cor doce dos teus olhos caramelados e o doce dos teus lábios, vida que só teu sorrio me dá. 
Eu te amo pela dependência de vida que esse amor me dá, de te amar e ser feliz ao teu lado, ser feliz com teus sorrisos doces e esplendorosos e teus beijos doces. Beijos dados por uma boca que encaixa na minha com perfeição. Essa tal simplicidade que necessitamos para viver é o mais puro e concreto lugar pra se construir nossa vida, com nossos filhos, nossos sonhos realizados e nosso amor vivido a cada dia. É nela que construímos nossa casa, com nosso jardim. 
E agora, aqui, deitada em teu peito eu vejo que você é minha vida, minha paz, é a parte que faltava e que não tinha e poder contornar teus traços com meus dedos, sentir você em mim é o que eu quero ter até o ultimo dia e instante de nossas vidas. Eu encosto minha cabeça em teu peito e ouço teu coração batendo forte, força que nosso amor nos dá. E com esse som, com esse calor, com esse corpo junto do meu, quero dormir  e viver por toda a minha vida. E assim, como quero fazer todas as noites, te abraço forte, deito minha cabeça em teu tronco e adormeço para te encontrar em nossos sonhos pelo jardim. 

 Eu te amo, Pier.
   Da sua Léa.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Uma vida [2]

...e faço os dias passarem com vontade. Toda noite espero você, ao calor da lareira, com a Peggy no colo: quando você chega, me beija docemente, prepara um pudim delicioso, e me canta músicas que nós tanto amamos.

Voltei do trabalho hoje, e te encontrei dormindo, naquele banco, hoje almofadado, com a nossa cachorrinha em teu peito! Não cozinhei, não cantei, até você acordar: me sentei ao teu lado, sussurrei no teu ouvido "as 31 rosas do jardim são suas...", bem devagar. Você acordou dizendo "e o único cravo que está aí é meu", e mais e mais cantamos juntos, até o dia virar, e virar.

Não sei que dia é hoje, quantos anos tenho, ou se ainda tenho forças para empreender um novo curso, ou uma viagem ao redor do mundo. Outrossim, sei de nada, apenas sei que nada sou, sem você, e tampouco sei se é nosso vigésimo ano de casamento, ou se sequer noivamos... Me importo com a tua presença, e o dia se perpetua, enquanto o campo de rosas (sem espinhos!) cresce forte e nos dá energias para viver.

Mas, uma coisa eu sei: que dia lindo o de ontem, quando o amor fizemos - ou melhor, criamos! - pela primeira vez. Pela primeira vez eu plantei uma rosa em teu jardim, que só eu conheço, e ela está crescendo, até que, um dia, dê origem a um pandinha, como eu e você, cheio de força e coragem, enquanto nós estaremos plantando mais uma rosa em nosso jardim, perto daquele banco, no qual sentamos a primeira vez...

(continua)

sábado, 2 de junho de 2012

Uma vida

Eu escolhi aquele cantinho, tão quente para nós. E senti que você não viveria mais naquele corpo. A Leandra sim, a Léa não: não mais. E sentei naquela cadeira com você, e perdi meu medo e você também. Peguei todo o mal em você e fiz uma limpeza: toda tristeza, toda dor, toda insegurança e desconfiança eu devorei com meus lábios. Devorei tudo e alimentei minhas forças, e dei-te forças para continuar forte e linda e bela.

E comecei a falar, e nunca mais parei: tomei conta de você, me empossei de seu corpo e mente, para de ti cuidar mais docemente. E consegui: eu me dediquei totalmente a você, e hoje me dedico mais que nunca. Olho você e quero te devorar, mas não fisicamente; muito mais quero eu te devorar com minha alma, para te proteger e te cuidar.

Eu vi aquele banquinho hoje, e senti o meu peito explodir... deitei nele e você deitou em mim, e as horas voaram mas nunca acabaram, pois somos completa e perdidamente apaixonados um pelo outro. Não faço a menos de uma vida a dois com você, só com você (e com nossa cachorrinha)...

(continua)

domingo, 13 de maio de 2012

Te vendo dormir

Nessa escuridão desse comodo, eu e você. Neste nosso mundo. Não é por que ele seja, claro e escuro, assim que não seja lindo. Eu vejo, você e você me vê perfeitamente. Eu posso ver os detalhes do seu rosto, dos seus olhos, posso ver os detalhes da tua boca perfeita e doce, ver sua mão pousada sobre o travesseiro enquanto dorme; eu posso ver o seu interior e a sua paz, que é minha também. Eu te vejo daqui da janela, te vejo dormir, e te vejo docemente sonhar com o sonhável, com  o simples e com o belo. Eu te vejo agora, sob a luz do luar.Aquela grama combina bem com você, amor. Combina com a tua pele, com teus cabelos. E o Sol, o Sol de fim de tarde, com os seus raios são como ativador dos teus olhos. Te dá cores que não são vistas por qualquer um, apenas eu posso ver. Naquela tarde, amor, aquele banco me chamava. Chamava nós dois, pois ele queria sentir um pouco do nosso amor ter um pouco da nossa felicidade. Então, o banco me chamou, e eu te chamei, e nós fomos. Você se ajeitou, e se sentou ao meu lado. Depois, cansado, deitou-se em meu colo. Minha se pôs a descansar em seu peito, você fechou os olhos e eu te observei e mexi docemente em teus cabelos. Eu observo cada detalhe do teu rosto, da tua boca, do teu nariz e cada sinal de humanidade que há em você. Eu vejo nas tuas expressões, o teu interior. Te observo. É lindo como a minha mão entre as suas fica tão perfeito. É doce e calmo sentir o teu calor, tão espontâneo, serve para você e sobra pra mim. É doce observar que a tua mão quente equilibra com a minha mão  fria, e que a sua barriga fria equilibra a minha quente. E assim, tocando a minha barriga quente aquece o meu interior. E as tuas doces palavras, vão saindo da tua doce boca, quando você repousa em meu colo. Do nada, você se levanta e me olha. Me encanta. Você em parceria com o Sol e a grama, se aprontam a me fascinar com a cor dos teus olhos, os olhos de cor de mel, os olhos que me adoçam; e com a cor verde da grama que contrasta com a tua pele branca e macia. Eu fecho os olhos e sinto teu corpo, ouço a natureza cantando pra nós a Ópera dos pássaros. E não contente com a fascinação iniciada, você continua, mas me fascina com o doce dos teus lábios. E nessa fascinação, nesse encantamento, nesse momento de alimentação de almas, nós dois saímos do mundo, e vamos pra casa. Depois de muito aproveitar a casa, um nos braços do outro, sempre voltamos e sentimos o mundo de novo. Depois de horas, que parecem segundos, obrigados a voltar, voltamos. 

Antes daquela manhã na biblioteca, eu era alguém que se achava Macabéa e simplesmente se achava prestes a ser atropelada por um Mercedes amarelo e ter seu fim posto ao fim. E de fato, posso dizer que era uma Macabéa, e que fui atropelada por um Mercedes, mas dele saiu você, e eu realmente tive o destino do qual a cartomante se referiu. De uma tristeza e vazio passou rapidamente para uma completude que aquela manhã serviu como para que completar até a boca e fechar o recipiente. E foi lacrado com uma ação e com um sim; com um gesto teu, depois de palavras minhas que nem ao menos sabia sobre o que você dizia, eu sentia, e dizia sem saber; você agiu e sentimos. 

Agora eu sou sua. Sempre serei por que nossas almas estão fundidas e seguimos já pela mesma estrada, guiando um ao outro e ajudando um ao outro. Levamos nossa bagagem já  unida e misturada, seguimos pelo caminho, fundidos. Cada árvore pela qual passamos é única, da mesma forma, cada momento, cada beijo é único.Eu posso dizer hoje, te vendo assim, dormindo sob a minha proteção e sob a luz da lua, que o meu futuro é você e que o calor que eu sinto vem de você e faz com que eu queria mais e mais seguir com você por essa estrada. O meu futuro, o meu calor, os calafrios de quando você me beija docemente, é fruto do que eu sinto por você, que é algo infinito, que não acaba, não acaba hoje, nem muito menos amanhã. É eterno. E por fim,  me deito ao teu lado e adormeço sentindo teu halito doce. 

domingo, 29 de abril de 2012

A nossa jornada

Me agrada saber que posso acordar todo dia. E todo dia me agrada não acordar à mesma hora: a mesmice me deixaria embebedado, envenenado pela mesmice de ser mesmice. Gosto de não escovar os dentes, todo dia, antes de tomar café: seja antes, seja depois, nunca uma sequência. 
E assim vou levando meu dia: meu dia vazio de verdades, cheio da verdade. Um dia verdadeiramente intenso, como o beijo, adocicado pelo chá de limão de pouco antes, que cruza meus lábios em sintonia com a música. Aquele suor, permeando teu rosto, é a intensidão que o dia te trouxe, junto com a batida calma e cansada de teu peito, que há dias vive sem descanso.
Mas aí... ele me vê, e bate, bate como tendo dois dias de vida: eu vejo ele, eu sinto ele pulsando em minhas veias, e sei que não é, fisicamente, meu. Mas ele bate, incessante, ele quer se soltar do peito daquela moça que não é a moça que o criou: ele me pede ajuda, e eu sou quem pode ajudá-lo.
E eu tento ajudá-lo, repito à dona dele que ela é solta, que ela tem de voar, alto e longe, sem cansar, mas que sempre pouse no meu jardim, na minha janela, para cantar livre e docemente. Eu a libertei, sentados naquela mesa de biblioteca qualquer (até sei qual a cadeira, a mesa, mas não me vale saber isso, o que me vale é que aconteceu).
E eu a libertei, eu a fiz voar, vi seu canto engrossar, seu sorriso brilhar de vez, e vi seus olhos, pela primeira vez, sem a cortina da dor. Eu havia preenchido o último vazio dela: ela não sabia o que era amar. Nossa, Poeta, quem você é pra falar disso! Sou alguém que já amou, mas amou errado, e aprendeu com o erro de amar errado! Não deixo margem para me julgar, e eu decidi amá-la e cuidá-la, como minha mulher, e não como tua, leitor.
Eu me orgulho do que fizemos, e decidimos ser livres de tudo e de todos. Quem somos? Dois encantados, tão simples quanto isso. Ah! Quem somos, pra vocês? Namorados, se é que vocês têm cacife pra bancar essa definição imposta pelo modelo de sociedade que vocês vivem. Estamos juntos, e pretendemos seguir nossa vida, voando alto e cantando, mas sempre pousando no nosso jardim pra descansar. 
E só deixarei de fazer isto tudo quando meu dia terminar. O dia, para mim, só termina quando acaba o meu fazer, e não quando o relógio marca a nova meia-noite. Meu dia começou há pouco, e quero nunca saber quanto vai durar.

É amor.

O Poeta.

domingo, 15 de abril de 2012

Transbordar

Como pode?
Como pode, você ter esse poder de me fazer transbordar?
Como poder, haver músicas, momentos, poesias tuas, que me fazem transbordar de amor?
A primeira vez que eu transbordei, eu estava enlaçada a você, enlaçada em seu tronco, ouvindo uma música linda, num mundo só nosso, onde a música dizia que eu não te deixaria ir, nunca, e eu mal tinha ideia do que era aquilo, do que era aquela manifestação de amor. 
Tempo depois, após nós nos entregarmos à felicidade; após a descobrirmos. Numa sexta-feira 13, numa biblioteca quase vazia, numa mesa quase vazia, com uma poesia na mão, uma poesia sua, "Te amar de novo". Na noite anterior, eu havia transbordado novamente (com uma outra poesia sua que resolvi ler  pela segunda vez)  e você disse- eu quero fazer esse efeito amanhã - (in)felizmente eu estava feliz demais em te ver, e você não me viu transbordar na sua frente, nem dentro de mim. Então, naquela noite, depois de você já ter ido, eu sentei, coloquei uma das nossas músicas, e transbordei, manchei o papel, manchei meu rosto, eu derreti. 
E me derreti, transbordei no dia seguinte. Como pode, músicas falarem por nós, pelo nosso interior e ser capaz de entrar, invadir e completar-nos e por fim, deixar apenas você? 
Você abaixa a cabeça na  mesa, meus braços te envolvem como numa medida perfeita, um quebra-cabeça, único, como se aquilo fosse pra ser. Como se todo o nosso caminho tivesse sido feito para aquele momento existir, como se cada obstáculo anterior, cada pessoa, cada tristeza, fosse para que fossemos únicos, únicos e capazes de completar o outro. Único, você e especial. Aquele mundo, naquela sala, aquela (in)certeza, aquilo que era pra ser, o mundo gira devagar, gira ao nosso tempo e nós dois tremendo e redescobrindo descobrindo, um beijo. 
Como pode? 
Você, de mansinho, veio, me tirou toda a dor e me preencheu com você, me dando seus olhos, suas mãos, você todo. Esses olhos com de mel, quando ao sol, com esse sorriso nos olhos, essa dedicação. Eu te gravei em mim, meu amor. Eu te gravei e pretendo não apagar. Eu quero você comigo; por que eu gosto de você; gosto de te cuidar; de te amar; te mimar; de ver teus olhos ao sol; te ver à luz da lua, onde cada árvore torta, é linda, cada nuvens é especial, cada sorriso seu é lindo; gosto de andar com você; de beijar suas mãos;cariciar teus cabelos; te ver dormir. 
Como pode, num abraço teu, tudo se esvair, tudo ser paz, leveza e amor, um amor que só é seu. Eu fecho os olhos e te sinto, sinto você em cada toque, cada abraço e cada beijo. Eu te ouço, mesmo te tendo longe; eu sinto teu calor; teu cheiro; tua presença; mesmo você nunca tendo estado aqui. O que é isso, senão amor? Sim, eu amo você e quero você sempre comigo. Nossas estradas não se uniram sem um motivo, e eu quero estar por toda essa estrada a frente, seguindo de mãos dadas às tuas, passando por cada obstáculo, juntos. E quero você, na minha estrada, um levando a bagagem do outro.
Sabe, serei seu lar se quiser, te darei meu colo pra te alimentar, te darei meu mimar, meu amar, meu viver.
Meu amor, o mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você, e eu não te deixarei ir.
Toma, te dou uma caixa, meu coração, e nesta caixa, eu te dou uma estrela, um pássaro, uma rosa, meu coração, e um bilhete: "Toma meu coração, é teu. Te amo".




<3




(F) 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Permutação de Almas

Aquela tarde, meu caro leitor, ela ficou observando-o enquanto ele falava com um amigo.
Ambos parados na escada, ela de frente pra os dois, e o observou. Ele falava com seus gestos característicos, e aquilo era encantador para ela.
 Veja leitor, quão rápido e forte se concretizou essa amizade, tão forte que é vista com preconceito pela sociedade e seus conceitos. Mas, por ser algo verdadeiro, benéfico, e pela forma de pensar de ambos, comentários eram ignorados pois só eles sabiam o que era e como era a amizade deles. O rapaz era uma tal importância na vida dela, uma importância sem valor que a compre. 
Ela o observava enquanto ele  falava e gesticulava, o olhava com admiração e carinho. Após um tempo, ele voltou, sentou-se ao lado seu, e olhou-a com um olhar curioso e no qual havia vida e brilho. Conversaram sobre as coisas que a machucavam naquele momento. Quando ela acabou de falar ele passou o braço por ela e a abraçou, como se lhe algo a puxasse, ela deitou sua cabeça no ombro dele, disse algumas palavras e após isso como se aquele abraço e aquele ombro quente extraísse dela suas lágrimas, lágrimas estas  compostas pela mais pura mistura de sentimentos. Lágrimas de dor e lágrimas de felicidade. Estas por ter perto de si esta criatura mais linda, bela e doce e de sentimentos puros que está ao seu lado, este anjo, e Aquelas, pelas lástimas causadas pela vida.
Nos  braços e abraços quentes dele, ela encontrara o calor que descongelou o que era gelo em seu coração. Gelo este causado pelas feridas do passado, que havia em ambos os corações. Os dois entendem, que após tantas dores, causadas pelo passado, os dois se encontraram por causa de destino. Pode se dizer, que a estrada dos dois, se encontrara num ponto e a partir dali, desse encontro, de uma troca de palavras sentiram que deveriam seguir juntos, um ajudando com a bagagem do outro. 
Em momentos de silêncio, ao se olharem, quando algo precisava ser dito, as palavras eram comidas pelos olhos, não sendo assim necessário o dizer, o sussurrar, pois o dizer já havia mudado pela permutação daquelas duas almas. Dessa forma, a alma de um, que era também a do outro, era alimentada pelas palavras digeridas pelos olhares, bastando apenas o olhar para dizer, para entender. Aquilo para eles, era um sinal de amizade pura e verdadeira, e bastava como prova. Tendo isso como fato concreto, você leitor entenderá o que se sucedeu instantes seguintes.
Numa das trocas de proteção, de abraços, ela abraçou-o o tronco. Ao fazer isso, olhou para os olhos do rapaz, e logo lhe veio à cabeça as palavras dele na noite anterior- "Léa, amanhã, quando eu não estiver olhando, olhe meus olhos"- e olhando discretamente para aqueles olhos castanhos cujo contato com a luz se tornavam de um castanho-mel ela viu, naquela janela da alma, doçura, brilho e alegria e viu além disso, paz. "Seria aquilo mesmo que ela via?" pensou, pois era algo novo visto em olhos que a pouco, houve tanta dor e tristeza. Aquele olhar enchia a alma dela pois por serem um, a felicidade de um era a do outro. 
Perdida naquele olhar, ela se viu olhando o relógio, olhou a hora, 20 minutos, era seu tempo máximo ali. Abraçou-o mais forte. Num instante, os minutos tornaram-se segundos, o tempo passava rápido demais. Ela tinha que ir, mas algo não a deixava ir, ela não queria ir. Então, por necessidade, ela se levantou, abraçou-o forte, o mais forte que pode, pegou suas coisas, e desceu as escadas, mas estaria zelando por ele.



"As 31 rosas do jardim são suas, E há somente um cravo, que é meu"    (F)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Organiser Le Coeur

Uma paz  muito grande, foi o que ela sentiu naquela manhã, quando finalmente terminou de organizar todo o conteúdo de seu passado naquele maleiro do guarda-roupa.
Momentos antes, ela havia resolvido organizar o quarto. Foi quando jogou o par de tênis "All Star" na ultima porta que olhou de relance, o branco traje usado antigamente.Viu a sua pequena bagunça até então adiada. Fechou a porta. Deu apenas um passo e parou. Estava sufocada. Algo a pedia que voltasse, àquele pequeno passo, e que organizasse tudo. Ela abriu com cuidado, com medo de que todos os objetos guardados ali caíssem de seu coração como se tivessem sido apertados e socados lá, obrigados a ali ficar. Olhou com cuidado, planejou. Foi tirando sapato por sapato; caixa por caixa e amontoo-as ao seu lado. Após isso, foi abrindo caixa  por caixas, e vendo, e estudando cada objeto, cada lembrança, cada dor. Algumas, ela pegou, olho, sorriu, analisou. Sorrio para cada objeto, um olhar doce, com saudade. Uns foram para a sacola de lixo. Outros, para a pequena caixa, a qual foi a única que restou das muitas que existiam. Lá, ela achou cada evento, cada sorriso, abraço e lembrança que existiu. Cada dor, mentira, ilusão. Pensou. À ela, seria de maior paz guardar apenas o bom, o que lhe fez mal, ela jogaria no lixo para que não lembassem mais, e não poluíssem mais o coração. Colocou o que era pedido, no lixo. Colocou tudo o que lhe era bom numa caixa e a separou. Então, olhou pra cima. O simbolo de tudo aquilo, deveria ser guardado junto. Aquela veste de estilo grego, branco, com os cordões amarrados, que simbolizava a amizade, um abraço caloroso, naquele momento, estava amarelado e os cordões numa organização confusa. Pegou-a com carinho maior ainda; aquele havia sido por muitos anos, o seu maior refúgio, sua paz e seus sonhos. Tirou com cuidado do cabide,cheirou, sentiu o tecido, apertou o tecido, sentiu o gélido e cuja textura lhe lembrou cada momento importante que havia passado. Dobrou-a  com cuidado e ensacou. Abriu o maleiro, achou um lugar, e lá, guardou tudo, cada embrulho. Todo o seu passado, toda a dor. Um dia, abriria aquele maleiro novamente, mas doerá menos nesse dia. Então, o restante ela organizou no lugar visível, bem no fundo, e fechou a porta, em paz, e leve. 




                       (Leandra Marcondes)
                                       (F)