quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Zoomorfismo

Ela esta sentada na janela de seu quarto, vendo a mangueira da casa vizinha. As mangas, ainda verdes despertavam nele um desejo de comê-las, que tomou conta dela, com tal extensão, que não podia controlar. Queria a manga ainda verde, ainda imatura. Queria, com desejo, mordê-la  e arrancar sua casca, fatia por fatia, com a boca, descolando fibra por fibra, sentido, o gosto básico da polpa, ainda verde, o gosto que amarraria sua boca pondo fim ao desejo. E como algo  mais surpreendente ainda, sentiu-se como  uma animal. Queria, não mais uma fruta, queria um corpo, vivo ou morto, mas queria um corpo, e assim, queria tirar sua pele, e descolar suas fibras musculares, e sentir sangue em sua boca.  Queria libertar de si, o ódio que tinha das pessoas com quem ela se importava, mas que não se importavam com ela, queria libertar o ódio do mundo. Queria, não a dor, mais o poder de arrancar sua pele, ver o que há por dentro, ver se há escuridão, se  há bondade. Esse estinto animal, de um leão que rasga sua presa, come sua carne e deixa o resto com o fim de sua fome, a dominou, como  nunca algo a tinho dominado. De alguma forma, ela teria que libertar esse desejo, pois logo ele chegaria, e assim correria o risco de ser atacado, e ela,  mordê-lo, e puxar sua pele e sentir seu sangue, até que o desejo se fosse. Por fim, tocou a campainha. Ela caminhou até a porta. Era ele, ela abriu a porta, sorriu. Ele entrou, ela  fechou a porta....

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